Ansioso, eu?

Cada vez mais ouvimos falar em ansiedade, mas o que é essa emoção e como identificar se o que está acontecendo com você é decorrente dela?

Vamos a uma breve perspectiva evolutiva para compreendermos melhor o assunto.

Para os nossos antepassados primitivos, a ansiedade foi uma adaptação em direção a preservação da espécie, pois ela antecipava a reação de medo a uma ameaça futura e protegia o sujeito de um possível perigo.

Por exemplo: Se o homem saía em busca de comida, e ouvia um ruído distante, ele buscava um local seguro para se proteger, dessa forma essa capacidade de se antecipar ao perigo salvou a sua pele por diversas vezes.

Se não houvesse esse estado de alerta, ele poderia ficar ali parado esperando a “coisa” chegar, e se fosse um leão, provavelmente não sobreviveria para contar a história.

Parece que hoje, talvez pelo ritmo de vida acelerado e excessos aos quais somos expostos todos os dias, esse processo não anda funcionando muito a nosso favor, causando o que chamamos de transtorno de ansiedade generalizada.

E qual a diferença entre medo e ansiedade?

No medo há um objeto definido ameaçador, por exemplo: um cachorro rosnando na sua direção.

Na ansiedade, o que ocorre é uma antecipação ao perigo, o cachorro não está ali, mas você está com medo de que ele apareça. Ou seja, o objeto é indefinido, e na maioria das vezes, a pessoa nem sabe o porquê está ansiosa.

Nas duas situações o seu corpo pode ser preparado para a reação fisiológica de luta e fuga, na qual são liberados uma quantidade significativa de adrenalina e cortisol (hormônio do estresse) na sua corrente sanguínea.

Se você correu do cachorro, provavelmente parou em algum local que considerou seguro, e sentiu seu corpo todo alterado: coração batendo rápido, boca seca, corpo trêmulo, dentre outras sensações que foram compreendidas por você naquele momento, já que levou um baita susto, você sabe que é só aguardar um tempo que todo esse mal estar físico vai passar.

Mas, se você estava ali sentado pensando que o cachorro poderia aparecer (ou apenas ali sentado), certamente a sua interpretação desses sintomas físicos foi bem diferente, você ficou preocupado, achou que tinha alguma coisa de errada com você, e pode até ter achado que estava infartando. Certo?

Isso porque a reação fisiológica de medo mexeu com todo o seu organismo, e se você se encontra sob forte ansiedade há algum tempo, provavelmente está cada vez mais tenso, apreensivo e pode ter alguns episódios como esse em algum momento.

Vamos aos principais sintomas da ansiedade:

  • Preocupação frequente de que algo ruim possa acontecer ( e se….?)
  • Estado constante de apreensão;
  • Tensão muscular;
  • Irritabilidade;
  • Alterações no sono;
  • Cansaço;
  • Falta de concentração (pode dar aqueles “brancos”)

 

Além disso, o constante estado de ansiedade pode ocasionar problemas de saúde: enxaqueca, pressão alta, gastrite, baixa imunológica, etc.

E se a sua ansiedade atingir o pico, é muito provável que venham a acontecer os sintomas fisiológicos ( também chamados ataques de pânico):

– Taquicardia, sudorese, tremor, falta de ar, dor no peito, enjôo, tontura, despersonalização (sensação de estar desconectado de si mesmo), medo de perder o controle, formigamentos ou calafrios.

Se você se identificou com o que escrevi acima, eu sugiro que procure um auxílio profissional para uma avaliação mais detalhada do tratamento.

Para o tratamento inicial costumo indicar a psicoterapia combinada a exercícios de respiração/meditação/relaxamento e atividades físicas regulares.

Em alguns casos, ou em um segundo momento, se o sintoma ainda tiver muito agudo, prejudicando a rotina do indivíduo, indico uma avaliação médica, normalmente feita com um psiquiatra, para que ele veja se há também a necessidade de acompanhamento medicamentoso.

Normalmente, quando se está sofrendo de ansiedade aguda, a pessoa busca diversos médicos antes de procurar um psicólogo, tais como: cardiologista ou neurologista, por exemplo. Uma investigação clínica é sempre bem vinda, mas ao descobrir que você não tem nada físico, não fique chateado se achando “louco”, vá até um psicologo, explique o que está acontecendo com você e ele irá te auxiliar.

Além de fatores ambientais (ritmo de vida das grandes cidades,problemas no trabalho,trânsito, violência, dificuldade financeira, perda de um ente querido, etc), alguns padrões de personalidade também contribuem para o desequílibrio da ansiedade em nosso organismo.

É importante considerar que se o seu corpo está fazendo um sintoma, acredito ser muito válido interpretar isso como um sinal de que alguma coisa não vai bem com você, talvez tenha acontecido algo na sua vida que você não elaborou muito bem, ou as suas escolhas não estejam muito de acordo com o que realmente deseja… Acho que vale à pena investigar mais de perto, não é?

No processo de avaliação é muito importante entender qual é a função desse sintoma no seu momento atual de vida, não basta somente querer “se livrar” dessa sensação, mas também compreendê-la dentro de um contexto biopsicossocial.

Veja bem, o problema não é sentir ansiedade, mas sim sentir ansiedade na maior parte do tempo de modo que isso comece a te causar sofrimento e a prejudicar o seu funcionamento da vida.

Respire fundo, nem tudo está perdido, a ansiedade é uma emoção natural ao ser humano cuja principal função é protegê-lo dos perigos da vida e não causar sofrimento.

Não permita que esse sofrimento paralise você, lembre-se que você está ansioso (a) e não é a ansiedade, isso pode se resolver!

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