Dependência Química

 

Sobre esse tema é importante entender que ninguém se torna dependente químico do dia para a noite, a relação disfuncional com a substância vai acontecendo ao longo do tempo e é necessário estar atendo a ela.

Defendo uma perspectiva de que o problema não está na substância em si, mas na relação que se estabelece com ela, sendo assim qualquer substância tem potencial para dependência.

Isso abrange desde substância lícitas como medicamentos e álcool e ilícitas como cocaína, crack, maconha etc. Claro que a dependência de cada uma delas vai ter características peculiares que precisam ser avaliadas cuidadosamente.

Nesse texto pretendo focar na dependência de uma forma mais abrangente e pelo viés da relação que se estabelece com a substância.

A dependência química pode ser compreendida como uma compulsão, ou seja, um comportamento repetitivo, no qual o sujeito perde o controle sobre ele e que normalmente tem efeitos nocivos para sua saúde e vida como um todo.

Ouço muito a frase: “Mas eu não faço uso todos os dias, logo não sou um dependente”.

Bem, não é tão simples assim definir uma relação de dependência, a frequência não é o único critério de avaliação, mas a quantidade e os prejuízos decorrentes do consumo também são muito relevantes.

Uma relação de dependência costuma iniciar-se despretensiosamente, por exemplo: um sujeito tímido que começa a fazer uso de álcool para conseguir interagir mais espontaneamente em situações sociais.

Essa relação começa a dar sinais “vermelhos” quando o sujeito começa a sentir necessidade de fazer o consumo toda vez que vai interagir socialmente, nesse caso pode estar se iniciando um processo de dependência psicológica/emocional.

A partir disso, esse consumo pode ser abusivo ou não, caracteriza-se como abusivo o consumo desenfreado da substância, onde grandes quantidades da mesma são ingeridas de forma a acarretar situações embaraçosas, vexames frequentes, esquecimentos e possíveis prejuízos (como por exemplo: se colocar em situações de risco, perder compromissos, danos sociais, etc).

Se após perceber que houve alguns danos pessoais ou a terceiros, aumento da quantidade ingerida para obter o mesmo efeito do início do consumo,  tentativa de interrupção de uso fracassada, atenção, pois pode estar evidenciado um quadro de dependência química, que é caracterizado pelo aumento da tolerância da substância no organismo ( precisando cada vez mais para obter o mesmo efeito), tentativas de controle sem sucesso, desmotivação para situações onde a substância não esteja envolvida, alterações de humor, tendência a mentir sobre o uso e uma necessidade física da substância que vai variar em efeitos de acordo com o que se consome.

Existe a síndrome da abstinência que varia em sintomas de uma substância para outra. No caso do exemplo dado aqui no texto, a abstinência de álcool pode apresentar: tremor, sudorese, delirium tremens (um tipo de alucinação), alterações de humor e até convulsão.

Se você está na dúvida, algumas perguntas são importantes para que faça a você mesmo:

  • Já tentou parar? Qts vezes? O que aconteceu?
  • Alguém já reclamou do seu consumo?
  • Já teve prejuízos?
  • Costuma perder o controle do uso? Como?
  • Já esqueceu algo que fez quando estava sob efeito da substância?

Muito importante ressaltar que não é indicado esperar o consumo chegar no estágio de dependência química para buscar tratamento, pois nessa fase o organismo já acostumou quimicamente com a substância (ele vai achar que precisa dela para se autorregular) e os obstáculos serão maiores.

Se você percebe que está fazendo abuso e/ou já existe algum nível de dependência psicológica/emocional é indicado buscar ajuda profissional.

Quando você se acomoda a usar alguma substância para se tornar mais espontâneo, por exemplo, você vai deixando cada vez mais de usar seus recursos pessoais para tal, consequentemente enfraquecendo-os e aumento a crença de que o consumo da substância é imprescindível.

Existem alguns tipos de tratamento e é preciso avaliar caso a caso para ver qual é o mais adequado para cada pessoa:

AA (Alcoólicos Anônimos), NA (Narcóticos Anônimos), Terapia de Grupo, Terapia individual, Comunidades Terapêuticas, Clínicas de Reabilitação e Tratamento medicamentoso.

Para saber qual dessas opções é mais adequada para você busque um profissional especializado.

É importante vencer o preconceito, entender que a dependência química é um problema  e como qualquer outro requer cuidados e tratamentos específicos.

Pois é, muitas vezes o início do consumo foi visando uma certa sensação de liberdade, certo? Talvez como uma válvula de escape para “desestressar” que acaba virando a grande prisão.

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