
Através de quais lentes você tem olhado a vida?
Viver não é muito fácil, eu sei e você também sabe.
Mas como será que seu modo de ver as coisas tem contribuído para o sofrimento ao qual você se queixa?
Você deve estar pensando que não tem outro modo de ver sem ser esse, certo?
A boa notícia é que você pode aprender a ter um olhar auto-observador. Ou seja, olhar para você de uma maneira mais questionadora e reflexiva, sem aceitar “de pronto” todos esses pontos de vista e pensamentos que aparecem na sua cabeça, e que por vezes, não estão te ajudando muito.
Nada de Síndrome de Gabriela: “eu nasci assim, eu sou mesmo assim, vou morrer assim…”.
É difícil ir em direção a uma mudança interior, entretanto muitas vezes, é mais difícil ainda viver do modo que está vivendo. Não é?!
Rubem Alves dizia que às vezes nossa infelicidade é devido a acontecimentos tristes, como por exemplo perder o emprego ou um ente querido, mas às vezes se deve a um “olho bom que não vê’.
Segundo ele: “ Quando a lâmpada espalha luz, o mundo fica colorido. Quando a lâmpada espalha escuridão, o mundo fica tenebroso”.
Com certeza, acontecem coisas tristes na sua vida, pois você está inserido no mundo, logo isso fará parte da sua existência. E faz parte ficar triste nessa hora, e é até indicado que assim o seja. Precisamos vivenciar todas as emoções de acordo com as situações, ninguém vive o tempo todo feliz, apesar de nossa sociedade insistir que é assim que deve ser, também precisamos sentir raiva, medo, culpa, frustração, tristeza, ou então estaremos embotados afetivamente.
Só que você também sabe que por várias vezes não havia acontecido nada e você continuava lançando um olhar escuro para a vida, o mundo e as pessoas.
Na vida não existe verdade absoluta, mas sim pontos de vistas, e pontos de vista nada mais são do que um ângulo escolhido por mim para interpretar determinada situação.
Muitas vezes, eu me arriscaria a dizer que na maioria delas, estamos avaliando as situações de acordo com nossa história de vida, que certamente nos deixou marcas afetivas, como canais que geram tendências perceptivas, só que às vezes, essas tendências estão atuando contra nós e se não nos dermos conta tudo em volta vai ficando ruim também.
Para Aaron Beck, nossas crenças (aquilo que a gente acredita) se formam a partir das nossas experiências de vida, e elas interferem diretamente na forma que a gente se sente e também se comporta no mundo.
Você acredita que o mundo deveria ser diferente e, em muitos aspectos eu concordo com você. Mas será que vale a pena passar toda uma existência cabisbaixo, queixoso, triste e enraivecido?
Será que se o medo estiver sempre no comando, você vai conseguir ver as margaridas do caminho?
Será que o seu foco não está sempre no que está ruim ou no que pode vir a acontecer de ruim?
Será que este padrão não rouba o desfrutar do seu momento presente?
Te desafio a parar um instante, respirar profundamente e se perguntar honestamente se é só isso que existe na sua vida. Ou se por alguma razão, foi só isso que você aprendeu a ver.
Sartre já dizia que liberdade é aquilo que você faz com o que aconteceu com você.
E aí? O que você tem feito com o que te aconteceu?